Com frequência, os desastres são ditos “naturais” e associados a ocorrências de furacões, tsunamis, terremotos, e pouco a secas e estiagens, inundações, deslizamentos de terras, epidemias, se pensarmos em ameaças naturais essencialmente. Isso tende a se agravar quanto às ameaças tecnológicas, como incêndios, rompimentos de barragens, acidentes com produtos perigosos, ou mesmo às situações de desassistência, migrações forçadas, violência e caos urbano, atentados terroristas etc. Ou seja, por muito temo a percepção de risco no contexto nacional tendeu a dissociar tais situações em relação ao que é e ao que não é um desastre, o que, de certa forma, pôde ter levado a certo despreparo das comunidades, dos governantes e até mesmo dos próprios setores e profissionais direta e indiretamente envolvidos na preparação, resposta e recuperação frente a tais eventos.
Há que se compreender que os desastres têm causas múltiplas e que sempre dependem da presença do homem em sua interação com o meio ambiente. E mais, esta interação permanente é o agente propiciador dos desastres, quer por uma ação direta da intervenção humana na natureza, como o assoreamento dos rios, a devastação de florestas, ou a exploração inadequada de recursos naturais, modificando o ecossistema, quer por empreendimentos gerados pelo avanço da tecnologia e capitalismo desenfreado, como o caso do desastre tecnológico de Brumadinho, aqui já exposto.
Dessa forma, sobre um constante crescimento na frequência e intensidade de eventos de emergências e desastres no Brasil, e da impossibilidade de controle e intervenção de um fenômeno dessa natureza sem conhecê-lo, evidencia-se a necessidade de uma maior amplitude de psicólogos nesta modalidade de atuação, assim como maiores investimentos e estudos científicos, além de esforços na formação profissional e capacitação para lidar com as questões requeridas pelo contexto. A prática do psicólogo em cenários de emergências e desastres ainda é pouco abordada academicamente. Além disso, inúmeras comunidades, vilarejos e urbanizações que já passaram por essas situações, acabam não tendo conhecimento da participação deste profissional.
Cabe ressaltar que a atuação do psicólogo será sempre em equipe multidisciplinar e, na maioria das vezes, no próprio cenário da emergência ou desastre. Isso inclui o relacionamento direto com todo tipo de profissionais, tais como técnicos, enfermeiros, médicos, assistentes sociais, sociólogos, engenheiros, arquitetos, grupos de resgate, de voluntários e de ajuda humanitária nacional e internacional, como a Cruz Vermelha, Polícia, Exército, Defesa Civil, entre outros. Além do mais, as contribuições dos demais ramos da Psicologia enriquece o trabalho do psicólogo que trabalha em situações de emergência, pois o auxilia a prestar um serviço mais flexível e adaptado à complexidade que se faz presente nessas situações. Assim, são importantes conhecimentos relacionados à Psicologia Clínica, Psicologia Educacional, Psicologia da Saúde, Psicofisiologia, Psicologia Organizacional e Psicologia Social ou Comunitária, que serão trabalhados nesse curso.
Público-alvo
Destinado sobretudo a graduados em Psicologia ou áreas afins que já estejam atuando ou pretendam atuar na área de Psicologia em Emergências e Desastres, tendo como pré-requisito a apresentação de diploma de graduação reconhecido pelo MEC. Profissionais de outras áreas do conhecimento, estão autorizados a realizar matrícula neste programa, contudo, o curso não forma psicólogos, nem profissionais de outras áreas poderão atuar como psicólogos se não forem graduados nessa profissão. Profissionais que já atuam na área de Psicologia em Emergências e Desastres, bem como aqueles que pretendem atuar de forma direta ou interdisciplinar, encontrarão, nesse programa, conhecimentos avançados no tema que certamente serão de grande valia na prática profissional. Os certificados são reconhecidos pelo MEC e podem ser usados, a critério de cada instituição, para adicional de especialização, bem como em alguns concursos públicos, se assim previsto em edital.
Objetivos
- Abordar temática especializada voltada para estratégias preventivas em Psicologia em Emergências e Desastres;
- Apresentar e contextualizar a utilização e implementação do Sistema de Comando de Incidentes;
- Analisar os estudos de casos na gestão integral de Emergências e desastres;
- Capacitar profissionais para atuação como consultores em Psicologia em Emergências e Desastres;
- Discutir questões voltadas para a Psicologia na Gestão Integral em Emergências e Desastres, nos Primeiros Socorros Psicológicos, na Resposta da Psicologia e o processo de autocuidado, na Saúde Mental e Psicopatologia na morte e no luto, nas populações vulneráveis em situações de riscos, emergências e desastres, na comunicação de más notícias, no entendimento de como sobreviver diante de diversos tipos de perdas, dentre outros temas;
- Oferecer elementos teóricos e ferramentas necessárias à atuação profissional na área de Psicologia em Emergências e Desastre.