A Medicina Veterinária do Coletivo (MVC) é uma área estratégica da Medicina Veterinária que está em social ascensão ao passo que produz interações entre a Saúde Coletiva, a Medicina de Abrigos e a Medicina Veterinária Legal englobando aspectos que cerceiam o manejo populacional de animais, gerenciamento de recursos humanos, bioética e controle de zoonoses. Seu surgimento é justificado com base no estímulo para a participação do médico veterinário na saúde pública seguindo as diretrizes de saúde preventiva na qual destacamos a promoção de saúde de forma efetiva.
Por volta do século XX, o médico veterinário e professor universitário Dr. Calvin Shwabe desenvolveu o conceito de One Health, que visa promover de modo interdisciplinar a abordagem da saúde, isto é, envolvendo em um único cenário a atuação complementar das diversas profissões medicina, enfermagem, medicina veterinária, farmácia, nutrição, entre outras, com o objetivo de elevar o nível assistencial da saúde humana, animal e ambiental. A Organização Mundial da Saúde, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e a Organização Mundial de Saúde Animal aderiram ao conceito de One Health centrando em fomentar subsídios para o desenvolvimento da infraestrutura capaz de responder prontamente à expansão da zoonose, por meio de pesquisas cujo foco transpassa a doença em si e atinge a promoção e proteção da saúde populacional com qualidade.
Nas últimas décadas foi possível observar a importância da proteção da saúde animal e humana devido ao surgimento de doenças com alto grau de impacto na saúde pública dos países que exportam e importam alimentos, podemos citar como exemplo o caso da Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente conhecida como Vaca Louca e a Síndrome Respiratória Aguda (SARS) que foi agravada pela gripe aviária (H5N1) e gripe suína (H1N1), causadas por cepas de alta patogenicidade.
Além disso, existe a interface de tais impactos na saúde repercutindo na economia mundial que surge durante a fase de surto da doença e se propaga por um longo tempo após a sua contenção, exigindo um preparo para a recuperação da região acometida. É possível ainda elencar a redução da empregabilidade no campo devido ao prejuízo econômico, resultando em um fenômeno social conhecido como êxodo rural, levando ao crescimento dos aglomerados urbanos e ocupação em áreas menos favorecidas socialmente gerando aumento da demanda dos trabalhadores de saúde nas comunidades.
A ênfase neste curso é construir o conhecimento, fomentar habilidades e desenvolver atitudes para embasar o comportamento necessário de modo que o profissional esteja apto para atuar na saúde da comunidade como protagonista da rede de cuidados. Irá ainda aprender a importância do papel individual e coletivo de todas as profissões através da consciência interdisciplinar que permeia o cenário da saúde no Brasil. Durante o curso, terá contato com normas e diretrizes que regem as políticas públicas, com artigos científicos da mais alta categoria, periódicos e jornais que o proporcionem experiências a fim de desenvolver o pensamento crítico por meio da saúde baseada em evidências.
Público-alvo
Destina-se todos os profissionais, com nível superior, que atuam direta ou indiretamente, com o controle ou manejo animal como veterinários agentes de saúde (zoonoses e de endemias), funcionários administrativos, protetores de animais, zootecnistas, biólogos, psicólogos, assistentes sociais, gestores, educadores e/ou funcionários que realizam o manejo de cães e gatos, atuando na captura e nas atividades de manutenção em canis ou gatis.
Objetivos
▪ Analisar exemplos de casos de problemas relacionados à eutanásia e solucionar problemas relacionados às diretrizes atuais para procedimentos humanitários de eutanásia em abrigos de animais;
▪ Analisar o impacto de várias políticas, protocolos e procedimentos de abrigo em saúde física e recursos de abrigo;
▪ Avaliar as políticas, protocolos ou procedimentos existentes e compreendendo as melhores práticas para abrigos de animais;
▪ Conceber estratégias de melhores práticas para promover a saúde física de animais de abrigo e adaptar-se os recursos disponíveis para abrigos individuais;
▪ Construir e criticar protocolos para proteger e melhorar a saúde animal dos abrigos;
▪ Diagnosticar e gerenciar surtos de doenças infecciosas e parasitárias comuns ao ambiente de abrigo.▪ Proteger a saúde pública contra doenças que podem ser transmitidas de animais para seres humanos, o teste de alimentos de origem animal, a proteção do equilíbrio ecológico e do patrimônio da vida selvagem;
▪ Realizar análises básicas de dados populacionais úteis na determinação da capacidade de cuidar de animais e desenhar estratégias de gestão populacional para proteger a saúde animal.