A composição dos pratos abarca o pensamento estético e do design, de modo que o paladar e a visualidade se unem, além, claro, do olfato e de outros sentidos. Paolo Barichella, prestigiado food designer, indica que “a comida tem características variáveis adicionais: ela precisa ser saudável, esteticamente agradável, saborosa e culturalmente relevante e, por isso, o design de alimentos requer uma panóplia de competências. Afinal, campos de estudo como a sociologia, psicologia, engenharia alimentar, nutrição e gastronomia são relacionados ao design para a criação da experiência final de consumo do alimento.” O designer catalão Marti Guixé coloca que “é necessário pensar mais na usabilidade, ergonomia e funcionalidade dos alimentos. Neste sentido, deve-se analisar os lugares onde eles são processados, a engenharia envolvida no processo, a comunicação do alimento seja enquanto produto, seja enquanto experiência, e principalmente a forma como as pessoas interagem com a comida” (apud VASCONCELOS, 2015)1. O sistema da alimentação abarca várias esferas da sociedade e requer profissionais criativos e inovadores na criação de seus produtos. É fato que a produção e comercialização deixou de ter um viés cartesiano e enlaçou a fenomenologia, os sentidos, a estética relacional, trazendo a memória afetiva e visual para o momento da mesa. Tendo em vista que cada vez mais o hábito dos sujeitos contemporâneos é fazer as refeições fora de casa, a competitividade entre os restaurantes aumentou, e o diferencial pode ser levar à mesa essa esfera emocional e agradar não só o paladar, mas os demais sentidos, afinal, eles afetam diretamente a decisão por um prato. Os food designers são responsáveis por projetarem hábitos, valores e soluções para o consumo consciente do alimento e do sujeito enquanto ser-em-si que se relaciona com o mundo. De fato, para além da nutrição, a alimentação adquiriu o status de experiência e de bom gosto. Seguindo esses preceitos, o referido curso dialoga com a sociedade atual – em que vigora a hibridização de linguagens -, sem deixar de lado a genealogia do food design, afinal, o alimento e as bebidas surgem em registros desde a antiguidade. Portanto, este curso de especialização mostra-se extremamente relevante para a prática gastronômica e para o mercado consumidor, em todas as esferas que o envolve. Assim, o currículo contempla a história da gastronomia; o alimento como agente cultural e semiótica; o design sensorial; a gastronomia contemporânea e a presença enfática da arte; o design for food e biomimética; e branding gastronômico e design thinking. Ele visa enveredar-se pela invisibilidade das esferas que compõe o universo gastronômico, capacitando os profissionais para a relação criativa, versátil e inovadora entre o sujeito e a comida, de modo a ser crítico diante da atuação midiática e do consumo, requerido pelo mercado. Além de investigar o amálgama entre o design e a gastronomia como sendo um produto estético, cultural e mercadológico.
Público-alvo
Este curso de especialização destina-se a profissionais, sobretudo da área de design e de gastronomia, com nível de escolaridade superior – com diplomas de graduação (em qualquer área), emitidos por entidades reconhecidas pelo MEC - interessados em se aprofundar nos preceitos do Food Design como área promissora. Dentre eles estão atuantes do campo tecnológico, engenharia de alimentos, chefs de cozinha, pessoas do contexto de restaurantes, hotéis, comunicação, marketing, turismo, produção cultural, artes, agentes da área alimentícia e críticos gastronômicos.
Objetivos
▪ Avaliar a importância dos sentidos; ▪ Compreender as relações entre as várias áreas do saber, característica dominante da contemporaneidade; ▪ Compreender que o alimento não é um fato isolado, mas que faz parte de uma rede de afetos; ▪ Conceber a comida como um agente da cultura, consequentemente, ser crítico diante da atuação midiática e do consumo; ▪ Permitir que o discente conheça os preceitos da estética e da história da gastronomia; ▪ Proporcionar ferramentas e linguagens eficazes - ao mesmo tempo poéticas – para lidarem com a produção/apresentação diferenciada dos componentes do universo da comida; ▪ Ter um olhar apurado do universo da gastronomia, com a percepção de que os símbolos interferem na apresentação do prato e na sua comercialização; ▪ Utilizar tendências hodiernas, como a biomimética, e ser consciente do poder de modificar o entorno; ▪ Valorizar a identidade e singularidade do sujeito; ▪ Verificar que para que haja um produto (seja comestível ou não), há estudos e investigações apuradas.