No Brasil, nas duas décadas deste milênio, a educação profissional de nível técnico teve
grande avanço, em termos quanti/qualitativos. A título de exemplo, cita-se a ampliação da rede
federal de escolas técnicas, que passou de 181 (entre 1909 e 2002) para 644 unidades (entre
2003 e 2016), seguida pela ampliação das redes estaduais, distrital e de escolas privadas,
envolvendo medidas e investimentos expressivos. Essa modalidade de ensino tornou-se objeto
de redimensionamento nas formas e paradigma de oferta, de alteração da legislação,
constituindo-se novo marco para a área, da produção de diretrizes e estabelecimento de
programas que favoreçam e incentivem a oferta.
Dentre vários fatores que motivaram as medidas adotadas, incluem-se as mudanças
resultantes do avanço da ciência e da tecnologia que desafiam a vida de todos o indivíduo, os
grupos, a empresarial - provocando a necessidade de uma permanente busca de renovação,
exigindo a constante revisão e reformulação de saberes, as formas de atuação social e
profissional, com o reconhecimento e a prática de seus deveres e direitos políticos de forma
consciente.
Até há bem pouco tempo, era possível a uma empresa associar o modo técnico ao modo
social de produção, estabelecendo um Manual de longa duração, em que repassava para seus
empregados as orientações para a execução de suas tarefas, mas atualmente esta prática
tornou-se obsoleta. A sociedade da informação e a economia 4.0 geram continuamente novos
tipos de conhecimentos, transformando objetivos e modos do processo produtivo. O atual
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contexto funda-se em redes de informações e intercâmbios, dispensando/liberando, muitas
vezes, a existência material de instrumentos de trabalho e de diversos setores de produção.
A produção de variados aportes tecnológicos gerou a reorganização institucional em
todos os setores econômicos e sociais nos quais se insere a formação profissional das pessoas
em todos os níveis hierárquicos e acadêmicos. A inteligência ambiental será tão maior quanto
for a compreensão e disponibilidade de dispositivos interconectados em nosso ambiente.
Com o avanço de novos recursos tecnológicos, constata-se o aumento da ocupação na
prestação de serviços sem o devido preparo profissional. É possível a presença de pessoas
desenvolvendo sua atividade laboral com apenas um treinamento de execução de suas tarefas
como o apertador de parafusos sem nenhuma compreensão do processo que participa,
comprometendo a qualidade do serviço e a sua satisfação profissional e pessoal, sendo a
modificação dessa situação necessária.
Assim, o professor principal responsável pela condução desse processo precisa ser
preparado para o papel que se espera dele, considerando-se as dimensões políticas e
pedagógicas envolvidas e norteadoras do que se pretende, com a capacidade e flexibilidade para
enfrentar o mundo globalizado, promovendo com efetividade as aprendizagens necessárias ao
aluno. A docência na educação profissional compreende o conteúdo específico que
instrumentaliza o aluno para o futuro exercício profissional e a articulação desses com saberes
didáticos necessários à mediação do processo ensino-aprendizagem, que precisa ser
desenvolvido, simultaneamente, com compromisso técnico relativo à área de conhecimento do
curso e com o compromisso político-social, próprio da formação na cidadania.
Faltam professores, em número suficiente, com o perfil de docente da educação
profissional que o país necessita para uma participação efetiva no concerto das Nações
desenvolvidas. A educação profissional é, quase sempre, desenvolvida por profissionais das
áreas correlatas aos cursos oferecidos. Esse é um problema estrutural do sistema educacional e
da própria sociedade brasileira, pois enquanto para exercer a medicina ou qualquer outra
profissão liberal é necessária a correspondente formação profissional, para exercer o magistério,
principalmente o superior ou a denominada educação profissional, não há muito rigor na
exigência de formação na correspondente profissão a de professor. (Muraro)
Do exposto, depreende-se que outras exigências se colocam atualmente. As
possibilidades de formação profissional existem e foram ampliadas, em número e formas. Essa
formação inicial e continuada - assume um papel estratégico para todos: Para as empresas e
organizações públicas e privadas que conseguem associá-la aos interesses do mercado e para as
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pessoas que acreditam que essa pode ajudá-las a conseguir e manter-se em uma atividade
laboral, como empreendedor ou empregado.
Dentre as necessidades, verificou-se a de oferecer a possibilidade de habilitação legal de
professores que atuam na área sem a devida formação geralmente a ação é desenvolvida por
bacharéis com formação correlata ao trabalho desenvolvido, sem a devida preparação
pedagógica. Assim, o curso foi reformulado na perspectiva de especialização de docentes para
educação profissional, sob amparo legal constante na Resolução N° 6 de 20/9/16 do Conselho
Nacional de Educação, Título IV FORMAÇÃO DOCENTE, artigo 40, que estabelece:
Art. 40. A formação inicial para a docência na educação profissional técnica de nível
médio realiza-se em cursos de graduação e programas de licenciatura ou outras formas, em
consonância com a legislação e com normas específicas definidas pelo Conselho Nacional de
Educação. (...)
2º Aos professores graduados, não licenciados, em efetivo exercício na profissão docente
ou aprovados em concurso público, é assegurado o direito de participar ou ter
reconhecidos seus saberes profissionais em processos destinados à formação pedagógica
ou à certificação da experiência docente, podendo ser considerado equivalente às
licenciaturas:
I - Excepcionalmente, na forma de pós-graduação lato sensu, de caráter pedagógico,
sendo o trabalho de conclusão de curso, preferencialmente, projeto de intervenção relativo à
prática docente. (...)
3º O prazo para o cumprimento da excepcionalidade prevista nos incisos I e II do § 2º
deste artigo para a formação pedagógica dos docentes em efetivo exercício da profissão,
encerrar-se-á no ano de 2020.
4º A formação inicial não esgota as possibilidades de qualificação profissional e
desenvolvimento dos professores da educação profissional técnica de nível médio,
cabendo aos sistemas e às instituições de ensino a organização e viabilização de ações
destinadas à formação continuada de professores. (grifo nosso).
O avanço dessa realidade e os resultados já obtidos com o trabalho realizado instigam e
desafiam a Faculdade Unyleya a prosseguir, atualizando e revendo informações, enriquecendo
com novas ferramentas de ensino o curso de especialização de docentes. É importante ressaltar
a presença de mestres e doutores como alunos do curso, o que evidencia a propriedade da
proposta como elemento orientador da ação docente na área.
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O acelerado avanço tecnológico exige muito mais do que repassar técnicas e
procedimentos de trabalho, mas precisa preparar os alunos ou futuros técnicos para atuarem
com adaptabilidade e interatividade aos ambientes de atuação - aprender a aprender, aprender
a desaprender (esta não é muito fácil para o professor e o aluno), aprender a reaprender o
cultivo constante de informações, de atitudes e de habilidades que lhes permitam circular com
sucesso nos contextos de vida, de ascender como cidadão e profissional no meio social e
produtivo -, respondendo a uma procura cada vez mais intensa e diversificada, colocando-os em
novas perspectivas e propondo soluções adequadas para um trabalho de satisfação pessoal em
qualquer função desempenhada em um curso profissionalizante.
Além dos componentes comuns às especializações da área de educação, a parte
específica é composta pelas disciplinas: Fundamentos da educação profissional técnica de nível
médio; Planejamento e avaliação da educação profissional; Didática da educação profissional; O
exercício do magistério e, por fim, pelo Trabalho de Conclusão do Curso (TCC), trabalhando os
conceitos, fundamentos, legislação e estruturas da educação profissional com visão críticoconstrutiva
de análise reflexiva tanto das dimensões pedagógicas de um curso profissional
quanto de forças exógenas, impulsionadoras e restritivas que afetam um trabalho de qualidade.
Público-alvo
Destina-se a licenciados, bacharéis e tecnólogos interessados em atuar na Educação
Profissional de Nível Técnico, priorizando aos que desejam tornarem-se professores das
disciplinas relacionadas aos Eixos Tecnológicos, constantes no Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos. São eles:
1. Ambiente e saúde;
2. Controle e processos industriais;
3. Desenvolvimento educacional e social;
4. Gestão e negócios;
5. Informação e comunicação;
6. Infraestrutura;
7. Militar;
8. Produção alimentícia;
9. Produção cultural e design;
10. Produção industrial;
11. Recursos naturais;
12. Segurança;
13. Turismo, hospitalidade e lazer.
Objetivos
▪ Ampliar conhecimentos teóricos acerca das concepções de educação no mundo
contemporâneo;
▪ Compreender a didática como base para ação docente e a construção de conteúdo,
atitudes e habilidades para o desenvolvimento do aluno em formação;
▪ Conhecer os planejamentos educacionais da educação profissional e a aplicabilidade
na prática docente como instrumento essencial na organização do trabalho
pedagógico;
▪ Debater sobre os saberes necessários na educação profissional e estimular a reflexão
crítica sobre aspectos relacionados aos fundamentos teóricos, metodológicos e
éticos que regem o ensino de nível técnico e a sua aplicabilidade na ação educativa;
▪ Desenvolver atividades de pesquisa, especialmente as relacionadas à pesquisa
qualitativa em educação, apresentando autonomia intelectual e espírito
investigativo;
▪ Enfocar a realidade educacional da educação profissional de nível técnico,
identificando as principais tendências, resultados e impasse