Formação contínua é essencial para a carreira docente
Atualizado em: 20/05/2024
Atuar como professor exige um processo de aprendizado constante para se adaptar às mudanças e oferecer uma educação de qualidade. A carreira docente é uma jornada de aprendizado constante, repleta de desafios. A licenciatura, em suas diversas áreas, é apenas o ponto de partida. O que realmente distingue a excelência de um professor é a sua formação contínua, conforme destacam diferentes especialistas.
Um dos pensadores sobre a educação no Brasil, o professor José Mário Pires Azanha, no seu livro "A Formação do Professor e Outros Escritos", informa sobre a necessidade de um processo de formação que esteja em constante diálogo com as demandas e desafios da prática pedagógica, garantindo a atualização e o aprimoramento constante do professor. Para isso, defende que o processo seja crítico e reflexivo.
O processo de formação contínua oferece aos professores a oportunidade de crescer e se desenvolver profissionalmente, o que pode, consequentemente, aumentar a satisfação no trabalho e reduzir a rotatividade. Além disso, também garante que os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade.
Nessa jornada, o teste de carreira é uma ferramenta que pode ser útil. Por meio dela, as pessoas podem identificar habilidades, interesses e valores profissionais, o que ajuda no direcionamento da formação mais adequada ao seu perfil.
Há diferentes modelos desse tipo de teste. Todos têm o propósito de garantir o autoconhecimento para a tomada de decisões na vida profissional. Assim, é possível identificar as áreas de interesse e potencial, filtrar as opções de carreira mais compatíveis, escolher um curso de graduação ou pós-graduação que esteja em consonância com objetivos profissionais, auxiliar na transição de carreira, entre outras ações.
Para os docentes, a ferramenta pode ajudar a direcionar quais cursos e especializações podem ser realizados, conforme o interesse de aprofundar os conhecimentos numa determinada área.
A educação é um campo dinâmico. Novas metodologias de ensino, avanços tecnológicos e mudanças nas diretrizes curriculares são apenas alguns dos desafios que os professores enfrentam diariamente.
A formação contínua envolve a atualização constante de conhecimentos, habilidades e competências. Dessa forma, permite que o professor se adapte às mudanças e atenda às necessidades de seus alunos, respondendo às demandas atuais.
"Apagão docente" é desafio para a educação no Brasil
O futuro da educação no Brasil tem à frente desafios, mas também oportunidades. Estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) prevê que, até 2040, o Brasil poderá ter uma carência de 235 mil professores de educação básica. Este cenário de escassez de profissionais tem sido chamado de "apagão docente".
As origens do "apagão docente" são diversas. Profissionais da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC) apontam fatores como a desvalorização da carreira, a falta e a descontinuidade de políticas públicas, o assédio ao profissional e, consequentemente, a baixa autoestima.
Os dados do Censo da Educação Superior de 2022 e da quinta edição da Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural das graduandas das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) de 2018 mostram outro dado preocupante: 58% dos estudantes de licenciatura abandonam a carreira antes da formatura.
O sociólogo do Inep, Luiz Carlos Zalaf Caseiro, afirmou em entrevista que "somente um terço dos estudantes que finalizam as licenciaturas vai atuar na docência; o restante opta por outros caminhos profissionais".
Entre 2014 e 2019, a taxa de ociosidade de licenciaturas em instituições públicas foi de cerca de 20%, enquanto em 2021 o percentual subiu para 33%. Embora esses números não sejam alentadores, há, neste cenário, oportunidades para que os profissionais atuais e futuros professores possam seguir investindo na área.
Ações políticas
Políticas educacionais podem reverter a previsão de um cenário de escassez de professores. Isso destaca a urgência de investir na formação e na valorização dos professores.
A pesquisa "Percepções e Desafios dos Anos Finais do Ensino Fundamental nas Redes Municipais de Ensino" identificou que quase metade das secretarias municipais (49,2%) oferta aos professores formações uma vez a cada dois meses. Em 26,1% delas, a capacitação acontece uma vez a cada seis meses; enquanto em 6,8%, uma vez ao ano. O estudo contou com a participação de mais de 3,3 mil dirigentes de educação de municípios de todo o país.
A formação contínua é uma das necessidades para evitar o "apagão docente". Estudos apontam, ainda, importância do reconhecimento e da valorização da profissão, por meio da remuneração e de melhores condições de trabalho.
Autor convidado.