Home

8 PASSOS PARA TORNAR-SE UM PROFESSOR ENEM DE ALTA PERFORMANCE

Atualizado em: 21/01/2021

Autor convidado: Prof. Alexandre Emerson

Hoje em dia as escolas estão exigindo mais dos professores, principalmente vivências que não são ensinadas nas licenciaturas e bacharelados. Competências, habilidades, projeto de vida, conteúdos transdisciplinares e contextos multifacetados dão o tom das aulas em todo o Brasil. Você professor, está preparado para essa nova demanda educacional? Não? Leia nesse artigo, os oito passos para tornar-se um professor de alta performance voltado para o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM.

Geralmente, quando nos candidatamos para uma entrevista, a escola já espera te encontrar pronto, com as seguintes habilidades profissionais: 100% contextualização; Conhecer bem as competências e habilidades da sua área (incluir BNCC); Promover diálogos entre as áreas com situações cotidianas; Manter-se atualizado (Leitura de mundo – conhecimento enciclopédico);Elaborar itens próximos aos do ENEM em níveis: fácil, médio e difícil; Criar projetos para vivência do conteúdo; Dialogar proporcionando transdisciplinaridade; Resolver e criar situações problemas. Ou seja, o professor de alta performance, e que precisamos para o ENEM, deve ter esses tópicos acima já bem desenvolvidos em sua prática, é o desejável, principalmente os que usam metodologias ativas, que saem do “livro no peito” e transmitem seu conteúdo de forma dinâmica e atrativa para o aluno.

Abaixo desenvolvi oito tópicos dando uma visão geral do que se pode esperar de um professor ENEM.

PASSO 1- CONTEXTUALIZAÇÃO

O ENEM como uma prova de contexto que é, exigirá do professor a habilidade de conhecer a prova profundamente. Um dos problemas que algumas escolas encontram em seus professores, é a falta de leitura do profissional em contextualizar, e os apontamentos para que isso não aconteça são dos mais variados, geralmente, a área de matemática é a que mais usa desse discurso. Acredito que temos sim um certo conteúdo, naquela parte específica da ciência, que vai exigir uma atividade mais mecânica na produção das respostas. Mas, sem contexto para essa produção? É inconcebível, para o professor de alta performance, questões sem problematização, fora de contexto ou enfatizando a regra pela regra (obedecendo na matemática alguns casos, poucos mais podem existir. Só não escute do seu professor que a grande maioria não permite contextualizar, reveja com a coordenação pedagógica novo direcionamento, pois é possível sim!)

Sabemos da organização das provas padronizadas (em formato geral, ainda precisamos evoluir bastante) quanto ao uso de memorização, como viés interpretativo, e de resolução de questões sem problematizações em alguns casos. Porém, a obrigação da memorização e reprodução de regras deve ser evitada quando pensamos nos itens dessas provas, pois, nesse formato, iremos além memorização.

A problematização tem que partir de um contexto expresso, claro, que apresente linearidade na leitura, que situe o aluno socialmente e que, diante do contexto, ative mecanismos de resolução, percepção e leituras paralelas a problematização, achando assim o resultado! Portanto, questões de modelo tradicionais já caíram em desuso em várias escolas como testagem ou treino. Sabemos que até o ENEM tem alguns problemas nesse quesito, mas sua escola não terá, não é verdade?

PASSO 2 - CONHECER BEM AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA SUA ÁREA

O mínimo que um professor de alta performance deve fazer é andar com seu livreto de cabeceira com todas elas (competências e habilidades) relacionadas, já que não precisa um exercício de programação cerebral neurolinguística para que você as memorize, a intenção é que conheça sua área com a maior propriedade possível: quais são as competências que vem se destacando mais? Quais as habilidades mais recorrentes? Quais as mais difíceis de se alcançar, quais as mais fáceis?

Ao elaborar itens para simulações, avaliações ou exercícios, preciso saber qual competência cobrar, autoanalisar se ultimamente em meus exercícios repito demais uma competência, se preciso trabalhar outras, apoderar-se do retorno desse instrumento, o tempo de resolução do meu aluno, bem como se a competência foi bem aceita, entre outros. Assim, conhecer sua área e criar itens com esse casamento leva tempo, mas quando o professor se dedica, os resultados são surpreendentes. Aposte!

PASSO 3 - PROMOVER DIÁLOGOS ENTRE SUA ÁREA COM SITUAÇÕES COTIDIANAS

Falamos sobre os contextos e sua importância, citamos a importância das competências e habilidades, como também adicionamos que os contextos por trás dos itens devem DIALOGAR sobre situações do cotidiano dos alunos. É comum encontrarmos itens citando como exemplo: que falem sobre doenças e epidemias atuais, uma questão de matemática que usa a leitura da conta de energia de uma determinada comunidade, os raios que caíram em uma região, movimentos sociais etc. O ENEM é uma prova que aproxima o aluno da sua linguagem diária, seja ela cognitiva ou social, o objetivo será sempre ativar conhecimento prévio, e prepará-lo para receber os comandos da problemática por trás do contexto, sempre com um objetivo interpretativo, proporcionando um alinhamento linear da disciplina com o meio social, e essa com uma percepção de mundo. Criar itens com base nessa leitura é um dos diferenciais do professor ENEM, fique de olho!

PASSO 4 - MANTER-SE ATUALIZADO

Quando falo em manter-se atualizado, digo com referência aos seus estudos cotidianos, quais as tendências que estão sendo exploradas pela sua disciplina? Existem metodologias novas? uma pós-graduação nova, um mestrado, doutorado, um curso, leituras etc. Como está alimentando o seu conhecimento de mundo? Filtra e repassa para seu aluno? Como exigir leituras e recortes se eu mesmo não leio? Não produzo? Não estou antenado? Uma dica que dou é usar as redes sociais, principalmente o Twitter, pois nesses espaços temos em nossas mãos as situações quando acabaram de acontecer, assunto recente, recortes sociais rápidos e práticos. O twitter, na minha opinião , é um espaço de produção de informação rápida, um dos campeões nesse quesito, ficamos sabendo de vários assuntos, posicionamentos de revistas, cientistas e personalidades políticas que expressam suas opiniões para sua comunidade; os movimentos sociais que replicam seus posicionamentos fomentando pontos de vista para discussão; e qualquer outro que de uma maneira ou de outra pode afetar o conhecimento gerado pelos seus alunos isso tudo com apenas uma conta do twitter. Então, saia um pouco da caverna!

PASSO 5 - ELABORAR ITENS PRÓXIMOS AOS DO ENEM, EM NÍVEIS: FÁCIL, MÉDIO E DIFÍCIL

Não adianta preparar seu aluno para dominar competências e habilidades se na hora de avaliar seu professor insistir em usar “verdadeiro ou falso”, “qual a incorreta”, “qual a sequência dos números melhor representa a resposta” (em nível de ensino médio, um padrão ENEM precisa ser modelado). Esse Exame não tem questionamentos com essa configuração, já observaram? O elaborador deve separar a ideia de vestibular tradicional do ENEM.

Aprender como elaborar itens ENEM ajudará nesse quesito, uma das práticas que devem ser feitas constantemente é a de participar ou solicitar a coordenação workshops com esse tema. O professor deve imergir nesse tópico, aproximar os itens da sua avaliação e manter todos em conformidade com o ENEM. Esse espelho pode te dar um bom retorno e isso pode acontecer durante a elaboração e aplicação de um simulado, por exemplo, que tenha como base as últimas edições do exame. Sem dúvida, uma significativa vivência! Pode-se, também, usar os assuntos de maior incidência, a criatividade é sua! O salutar é harmonizar habilidades e competências, ajustando as séries desde o fundamental II, basta planejar.

PASSO 6 - CRIAR PROJETOS PARA VIVÊNCIA DO CONTEÚDO

Alguns professores hoje já promovem projetos maravilhosos nas escolas, com temas dos mais variados. Os projetos proporcionarão vivência ao conteúdo, o projeto dá vida, motiva. Conteúdo estanque, na maioria das vezes, é tedioso para o aluno, que perde o interesse, baixa a cabeça e espera a próxima aula, não gera aprendizagem significativa. Tudo isso é comprovado em vastos estudos que, quando o conteúdo é apresentado de forma lúdica, dinâmica, proporciona um grande aprendizado para o aluno e a sala como um todo.

Por outro lado, alguns professores acham trabalhoso adotar projetos, ou tem medo de expandir sua didática nessa direção. Porém, digo - com propriedade - que com um bom planejamento e acompanhamento é possível, basta programar e ir além. Os projetos, em alguns casos, devem transdisciplinar o conteúdo, o bom exemplo de início é o ensino híbrido ou sala de aula invertida - se preferir. Essas são apenas algumas das ferramentas mais úteis para esses projetos, como disse, uma das! A lista é extensa e vai esbarrar apenas na sua capacidade de criação.

Lembro, quando trabalhei poemas em sala, comecei pelo RAP. Primeiro, os alunos criaram significado para aquele assunto: apresentei as músicas, as rimas, licença poética, usei Beatles para contrapor o discurso com situações cotidianas e cultura, analisamos letras de músicas e, ao final, os alunos criaram seu próprio RAP, que foi filmado e publicado na rede. Ou seja, trabalharam o gênero textual que é recorrente na prova do ENEM, letra de música e poema em si, perceberam como as possibilidades daquele momento eram infinitas e só esbarravam na própria imaginação deles, bastou um input diferente e pôr a mão na massa!

PASSO 7 - DIALOGAR PROPORCIONANDO TRANSDISCIPLINARIDADE

Quando cito aqui dialogar, considero ir além da interdisciplinaridade, intertextualizar com contextos diferentes, conversar entre as áreas de conhecimento sem priorizar um conteúdo por ele mesmo, como por exemplo: um professor de História que incita a Filosofia e Sociologia como disciplinas complementares ao fato histórico, disciplinas que não apenas adicionarão informação ao tópico, como proporcionarão debate, reflexão e entendimento extra, o que em uma mera analise de um contexto através de um texto não proporcionaria.

Citando como exemplo a área de linguagem, já proporcionei um grande diálogo entre inglês com a disciplina de Física, os tópicos eram: raios, emissão e formação de raios, descarga elétrica. Para isso, demonstrei vocabulário, casos nos Estados Unidos sobre o tema, usei notícia, charges e peças publicitárias. As duas áreas conviveram em um mesmo contexto com múltiplos diálogos, transdisciplinamos em vários momentos, proporcionando uma riqueza de detalhes e um conhecimento para o aluno além da sala de aula. Esse momento aconteceu em um aulão: é sempre de encher os olhos, o ENEM e seu aluno agradecem.

PASSO 8 - RESOLVER E CRIAR SITUAÇÕES PROBLEMA

O aluno hoje em dia deve ser incitado a resolver grandes problematizações na escola e fora dela, para isso, enraizamos essas na escola. Nessa imersão, devemos incitá-los a apresentar uma proposta de resolução, pois, já é assim na redação. Muitos professores esperam que o livro didático apresente tais problemas para que os apresente em sala e, como disse anteriormente, se seu sistema de ensino, livro, plano de aula, não for bom, seu aluno não saberá resolver problematizações, pois, nem se quer, saberá o que é!

Observei grandes problematizações serem levantadas em sala, com resolução em formato de itens, os alunos precisavam discutir, achar a resposta entre eles e marcar a resposta correta. Mas, o professor exigia uma apresentação do: “como chegaram a essa resposta?”. Até mesmo um item sem resposta fechada, mas que se chegava a uma conclusão em nível aceitável de resolução, a problematização exposta nas questões deve passar por níveis de dificuldade, devendo também usar como estratégia para pensamento, atividade em grupos ou metodologia, na qual priorize o debate com proposição de solução.

As situações problema devem ser base das suas avaliações em toda a escola, o aluno deve ser direcionado a resolvê-las dentro de um prisma de respostas, que ele receba esse conhecimento e desenvolva-o com as ferramentas que tem em mãos, sejam elas fornecidas pelo professor - no momento da mentoria - ou conhecimento enciclopédico. Essa resposta, mesmo que naquele momento se desvirtue do caminho, deve ser aceita e debatida. Problematizar com foco em resolução de itens é um fator ENEM, use e abuse desse sistema!

CONCLUSÃO

O comprometimento do professor na execução dos tópicos de um a oito, compartilhados aqui, é um dos fatores que podem alavancar a qualidade do seu ensino aliados ao quesito tempo e vontade em fazer diferente. É quase um pré-requisito para você professor adotá-los e desenvolvê-los, o ideal era que todos adotassem essa execução aliada ao Exame do Ensino Médio. É possível?

Autor Convidado

IMG_20191023_070022_037.jpg

Prof. Alexandre Emerson

Professor, escritor e consultor em programas bilíngues.

Saiba mais sobre o prof. Alexandre Emerson: https://alexandreemerson.com

Gostou do artigo?

Compartilhe com quem você acha que se interessa por este assunto.

Quer se inspirar para aprender algo novo?

Veja nosso guia de cursos, eventos, professores, plataformas e instituições de ensino.

Ver o guia

Quer ver mais artigos?

Leia todos os artigos do Aprimoramente e autores convidados sobre educação e aprendizado.

Ver todos artigos
Carregando...